O sentido da entrega espiritual

No artigo de hoje, vamos refletir sobre a entrega espiritual sob a visão de alguns autores conhecidos.

Eckhart Tolle, autor de Praticando o Poder do Agora, explica que a entrega não significa suportar passivamente uma situação ou deixar de agir. Também não significa desistir de fazer planos ou perder a confiança para começar algo novo. A entrega é a sabedoria simples de nos submetermos ao fluxo da vida, sem resistência.

O único lugar em que podemos sentir o fluxo da vida é no Agora. Isso significa que se entregar é aceitar o momento presente sem restrições e sem nenhuma reserva. — Eckhart Tolle

Lise Bourbeau, em Escute Seu Corpo, lembra que nosso lado divino — também chamado de superconsciência — está sempre presente para nos guiar em nossas decisões, sem o desgaste de análises e preocupações. Isso é o que ela chama de entrega.

Seu Deus interior lhe fala sobretudo através dos seus sentimentos. O que você sente é bem mais importante do que aquilo que pensa. — Lise Bourbeau

Mabel Katz, palestrante e autora de 100 Perguntas sobre o Ho’oponopono, explica que a entrega é permitir que o universo mostre os caminhos e nos guie, enquanto liberamos as energias associadas ao passado. Ela reforça a importância de relaxar e ouvir o coração:

Se você quer encontrar seus talentos, solte, confie e se conecte com o seu coração, com as coisas que são fáceis para você, com aquelas que não envolvem nenhum esforço, que você gosta de fazer e que te dão satisfação.

Nem sempre a entrega traz os resultados que esperamos. Com o tempo, percebemos que tudo estava dentro de um plano maior. Durante a jornada, o essencial é cultivarmos a paz interior.

A resposta ao seu problema virá quando você se voltar para a fé e o reconhecimento do Princípio Divino em seu íntimo. — Joseph Murphy

Até breve!

Feridas emocionais

Nossas ações e reações são influenciadas não apenas por pensamentos, mas também por feridas emocionais. Se não estivermos conscientes, essas feridas podem mascarar nossa natureza essencial e impedir a cura emocional.

Lise Bourbeau, autora de As Cinco Feridas Emocionais, explica que o ego cria cinco máscaras que correspondem às cinco grandes feridas básicas vividas pelo ser humano:

FeridaMáscara
RejeiçãoEscapista
AbandonoDependente
HumilhaçãoMasoquista
TraiçãoControlador
InjustiçaRígido

Quando permitimos que nosso ego, com seus medos e crenças, dirija nossa vida, não somos fiéis ao nosso Deus interior e às necessidades de nosso ser. — Lise Bourbeau

Bourbeau dá um exemplo de uso das máscaras: uma pessoa que percebe injustiça em uma situação, ou tem medo de ser ou de se achar injusta, veste uma máscara de rigidez, adotando o comportamento de alguém rigoroso e inflexível.

A autora resume:

É assim com todas as feridas emocionais. São muitas as ocasiões em que nos julgamos rejeitados, abandonados, traídos, humilhados ou tratados de forma injusta. Na realidade, todas as vezes que nos sentimos feridos, nosso ego acredita que outro indivíduo deve ser recriminado. Sempre procuramos culpar alguém pela nossa dor. Às vezes culpamos a nós mesmos, e isso é tão injusto quanto culpar outra pessoa. Na vida, não existem pessoas culpadas: apenas pessoas sofredoras.

Quando observamos as situações que se repetem em nossa experiência, reconhecemos a atuação de uma ou mais máscaras do ego. Nesse processo, tomamos consciência de como grande parte das interações humanas ainda sofre a influência das feridas emocionais do passado.

Todos nós temos a mesma missão neste planeta: viver experiências até conseguir aceitá-las e nos amar através delas. — Lise Bourbeau

Até o próximo artigo!

A mente fala através do corpo

O Dr. Danny Penman, autor do livro A Arte de Respirar, nos lembra que os estados mentais mais intensos se refletem no corpo na forma de sensações físicas. Cada uma dessas sensações é uma mensagem. Se as ignorarmos ou suprimirmos, elas se tornarão mais insistentes e angustiantes, podendo evoluir para infelicidade e sofrimento.

Mas ele explica que há uma alternativa:

Se ouvir essas mensagens conscientemente, sentindo-as de forma ativa no corpo, algo milagroso pode acontecer. Você vai perceber que elas vêm e vão como as ondas no mar ou a respiração no seu corpo. E em breve elas vão começar a se desmanchar por si sós, deixando para trás uma mente mais calma, feliz e perceptiva.

Podemos ir além na interpretação das mensagens do corpo físico. Lise Bourbeau, autora de Escute seu Corpo, explica que há em nós uma superconsciência, que representa nosso lado divino. Esse guia interior sabe exatamente o caminho que devemos seguir e nos envia mensagens através do corpo:

Eis diferentes mensagens que sua superconsciência pode lhe enviar para avisar que há algo nocivo acontecendo na sua vida: emoções exacerbadas (especialmente medo, culpa e raiva), mal-estar, doenças, falta de energia, variações de peso, acidentes, vícios, consumo excessivo de álcool ou drogas, problemas para dormir, etc.

Percebe os sinais do corpo?

Você pode começar a escutá-lo seguindo os passos abaixo:

  • Silêncio: sente-se por alguns minutos em um local tranquilo, sem interrupções, e feche os olhos.
  • Respiração: inspire naturalmente, sentindo o abdômen expandir; expire de forma lenta e completa, sentindo o abdômen relaxar.
  • Auto-observação: percorra mentalmente o corpo, do topo da cabeça até os pés, observando cada sensação sem tentar alterá-la.
  • Presença: quando a mente divagar, traga o foco de volta à respiração e, em seguida, retome a observação do corpo.
  • Prática diária: repita o exercício todos os dias, mesmo que por poucos minutos.

Até o próximo artigo!

Ego: a boneca de sal

O ego é uma parte da mente que parece ter vida própria. Quando estamos interagindo com outras pessoas – e quando elas interagem conosco –, estamos, quase sempre, lidando com o ego. Por isso, é importante conhecer melhor essa parte da mente humana, muitas vezes responsável pelo sofrimento que nos aflige.

Lise Bourbeau, autora do livro Escute seu Corpo, define o ego da seguinte forma:

Às vezes chamado de “pequeno eu”, o ego é o EU que julgamos ser. Ele se forma a partir da nossa energia mental, isto é, de nossas memórias e principalmente de nossas crenças. Na realidade, o ego é a soma de todas as nossas crenças mentais, sejam elas benéficas para nós ou não.

O ego resiste ao fluxo da vida

Estamos em conflito com o que está acontecendo agora?

O ego também é chamado de mente não observada, pois raramente percebemos sua atuação. Uma forma de reconhecê-lo é observar nossas reações. Se estamos resistindo ao momento presente, isso pode ser um sinal da influência do ego.

O ego se apoia em dramas para garantir sua existência. Ele é o resultado de uma história: uma identidade criada pela mente com base em interpretações do passado, que podem ou não ser coerentes. Quanto mais nos identificamos com as narrativas mentais, mais o ego se fortalece. Seja representando o papel de alguém melhor que os outros ou o papel de vítima, o ego está sempre tentando reforçar sua importância.

A boneca de sal se dissolve

O ego é apenas uma identidade ilusória. Na filosofia espiritual do Oriente, ele é comparado a uma boneca de sal que, em sua busca pela compreensão de si, se dissolve no oceano da consciência universal — o Ser.

O ego só existe enquanto a consciência está identificada com a forma. Por meio da auto-observação e de práticas espirituais, percebemos que não somos, em essência, um corpo, um nome ou uma história — somos aquela dimensão que está consciente de tudo isso.

Essa é a jornada espiritual: a busca pela verdade que dissolve a boneca de sal e revela nossa verdadeira natureza, além da forma.

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